Cirurgia bariátrica: AMIGA NO HOSPITAL

Enfim, como hospital é um lugar terrível pra quem está doente, fazer uma amizade já é um achado!! E foi exatamente isso que aconteceu. 

Vi na Cris (a moça que conheci no quarto antes de fazer a minha segunda cirurgia), uma pessoa forte, meiga, carinhosa, que sempre tinha as palavras certas. O mais legal é que tinha dias em que eu estava mal e ela me animava, e outros, o contrário. Ouvíamos rádio antes de dormir - nosso gosto musical é parecido - conversávamos sobre tudo. 

Tínhamos uma rotina: cultivar nossas veias. Ok, ficou boiando, certo? 

Seguinte, quando você fica muito tempo internado, suas veias "somem" - de acordo com os próprios enfermeiros, elas "secam" - dessa forma, cada vez que eles conseguiam pegar uma, era melhor cuidar pra manter o tempo máximo: 3 dias. Isso mesmo, senhoras e senhores da platéia, a cada três dias, levávamos outra agulhada. Isso quando não "perdíamos" a dita cuja. 

Chegou num ponto, que quem vinha fazer a punção era o pessoal da UTI, que de acordo com nossos anjos da guarda, eram especialistas na arte de furar, porém, a dor continuava, mesmo com as mãos sagradas desse povo. Teve uma vez que um deles pegou uma no meu dedo. Chorei de dor, é horrível essa pele do dedo, dói muito!

E quando iam pegar a veia da Cris e ela chorava? ... eu chorava junto.

Lembro-me que ficávamos falando o que iriamos fazer ao sair do hospital. As manhãs de domingo eram as piores, porque sempre eram lindos, ensolarados, maravilhosos... e a gente lá, naquele lugar. Mesmo quando caminhávamos no corredor - íamos na varanda olhar a vista - a "felicidade" era momentânea.

Uma coisa que a Cris sempre comentava era: é... e mais um dia passou. Outro domingo no hospital.

Nem posso traduzir o que eu sentia. Ô vontade de sair de lá.... Eu tinha que tomar o antibiótico ( 3 vezes por dia de sessões de pura ardência da minha veia da vez) e não poderia fazer isso fora das dependências do hospital, logo, tinha que ficar. 

A Cris, precisava fazer o restante do tratamento (rins). Não me esqueço do dia em que o médico dela entrou e falou: VC VAI FAZER HEMODIÁLISE E VAMOS PRECISAR DE UM TRANSPLANTE.

O silêncio foi geral.

Ele saiu...

Ela ficou numa posição imóvel. Depois de um tempo, rompi a falta de palavras e perguntei:

"TUDO BEM?" - agora vejo o quanto esse questionamento foi idiota...

Ela: é... eu tava esperando. Agora é fazer isso...
...

Dias depois, eu recebi alta. Nem acreditava que tava saindo. A única coisa que me deixava chateada, era o fato de ela ainda ficar lá... como seria a noite sem nossas conversas? Fiquei sabendo que dois dias depois ela também saiu, está fazendo hemodiálise e se preparando pra receber um novo rim.

Desejo TUDO DE BOM, pra Cris Vencedora... vencemos essa parte. E vamos vencer sempre e sempre....espero de reencontrar um dia. 



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